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Gkay paga R$ 10 mil por tênis acabado

POR ROBERTA FONTELLES PHILOMENO

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Gkay causou, nas redes sociais, ao exibir o tênis que comprou da grife internacional Balenciaga. Virou piada na internet, por gastar cerca de R$ 10 mil em um tênis detonado. “Por esse nem vocês esperavam”, disse a humorista, rindo, em seus stories.

Nos stories, os influenciadores Lucas Rangel e Álvaro fazem piada com a compra. “Você comprou uma sucata?… Não entendo porque fazem e não entendo porque você compra um negócio desse”, disparou Álvaro. E Lucas emendou: “Está tão desgastado que está escrito Palenciaga”. Verdade!!!

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De tão destruído, no solado do tênis está escrito Palenciaga, enquanto o nome da grife é Balenciaga

O nome do tal polêmico par de tênis que Gkay recebeu em casa se chama Paris Sneakers. Uma edição limitada. Quem comprou, comprou e quem quiser não compra mais. Não deu tempo nem a peça, que usa a sujeira como elemento de estilo, chegar às lojas da grife. Esgotou logo no site.

A marca, comandada hoje pelo estilista Demna Gvasalia, voltou uma nota, junto ao lançamento dos Paris Sneakers, que reacede o debate sobre os limites da criação de moda e nos coloca para pensar. “Os tênis servem para serem usados por uma vida inteira”. Os tênis Paris Sneakers são o que há de mais novo no conceito de “trashion”, junção de trash (lixo) + fashion (moda).

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PARA ENTENDER A POLÊMICA DOS TÊNIS DA GKAY

A polêmica em torno dos tênis que Gkay comprou começou, na verdade, no mês de marco, deste ano. A Balenciaga apresentou na passarela uma bolsa parecida com saco de lixo. Depois, vieram as botas sujas de tinta branca e, agora, o tal sapato da coleção Paris Sneakers. É o uso da sujeira, do lixo, no mundinho fashion. Desconstrução da “perfeição” e do “belo”. Faz sentido!

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Influenciador Lucas Rangel confessa à Gkay que também quer os tênis da Balenciaga

Mas não pense que é a estética da destruição foi criada pela Balenciaga. Não foi mesmo. A Gucci aderiu a ideia, em 2019, quando lançou seu Screener Sneaker. E detonar tênis de luxo é a marca registrada da Golden Goose, uma grife italiana que faz isso há mais de 20 anos. Quem defende o “trashion” argumenta que o processo de “detonação controlada” torna cada peça única, exclusiva. Daí porque custam tanto. Faz sentido!

E se você que já está impactado com os tênis da Balenciaga. Lê essa. Em 2017, a marca PRPS, de Nova York, decidiu cozinhar lama para tingir uma calça jeans. Isso mesmo, cozinhou a tal na calça em lama e vendeu raríssima. Imagina ai!

Uma das primeiras criações da principal estilista do punk, a inglesa Vivienne Westwood, a camiseta “Chicken Bone” foi criada em 1971 e tinha ossos de galinha costurados para formar a palavra “rock”.

 

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DO UNIVERSO PUNK

Na verdade, a estética do lixo surgiu no movimento punk, em Londres (Inglaterra). Na década de 1970, a estilista Vivienne Westwood, que tive o prazer de entrevistar, em sua visita ao Brasil, no São Paulo Fashion Week, deixou a cidade empolvorosa quando construiu um visual trash para os membros da banda Sex Pistols.

Acredite, o lixo das ruas degradada de Londres foi parar nas roupas da banda. As cordas de descarga, tachas, os ossos de galinha, o picho e o tartã escocês preencheram a iconografia da contestação.

E se você acredita que a estética Punk e da sujeira não faz parte de sua vida, aí é que você se engana. Você gosta de jeans e suas lavagens que os deixam com mais estilo? Você gosta de calça esgaçada? Pois é, referências da contestação enlata, nos anos 80. E assim a estética da sujeira se manteve durante esses anos e hoje se consolida e invade de vez o mundinho exclusivo das grifes de luxo.

https://robertafontellesphilomeno.com/blush-das-gringas/

E como brada aos quatro cantos Maria Grazia Chiuri, da Christian Dior, o negócio da moda não trata apenas, está mais preocupado só com a beleza ou com a feiura, e sim com privilégios e em manter a exclusividade. Ou seja, em um mundo imperfeito de exclusividade, aumenta o número de pessoas com suposto mau gosto, disposta a pagas alto pelo lixo luxuoso. A humorista Gkay  se encaixa no conceito? Será?